Mesmo seguindo o fluxo dos dias sem preocupar-me em ser um só, ou comprovar a mim mesmo alguma unicidade, certas vezes culpo-me por sentir o que sinto, por não saber escrever minha própria estória sem rasuras, por transtornar a sucessão do meu próprio tempo aludindo ao que está tão dentro quanto fora de mim. Ou simplesmente por culpar-me. Procuro todo dia entender o quanto meus contornos são frágeis, fugazes, fluídos, estreitos, endereçáveis. O quanto são ligeiros, pérfidos, doloridos, impuros, elimináveis. O quanto são simplesmente incontornáveis.
Imagem: Fotografia de Angélica D'Avila sobre a instalação de Nazareth Pacheco.
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