terça-feira, 29 de dezembro de 2009

experimentar para renovar-se

Ano passado, utilizei esse mesmo espaço para dizer coisas que tinham a ver com ‘perseverar’. Nesse novo ano, pelo contrário, o que desejo a todos e especialmente a mim mesmo, encontra-se no justo oposto dessa palavra.

Perseverar, no sentido que me utilizei a mais ou menos 365 dias, encontrava seu maior anseio em dar continuidade a certas coisas, permitir tantas outras e perseguir uma trilha iniciada ainda em 2008. Pois o que mais desejo agora, é que 2010 seja um ano realmente novo. Com cheiro, som, gosto e textura de coisa nova, tirada do forno, tinindo em folha.

Não se trata aqui de bater os sapatos e dizer que de 2009 não se leva nem a terra, tampouco de degenerar as experiências desse ano que, cá entre nós, teve lá seu charme, porém sem tanto esplendor como poderia ter sido. Trata-se simplesmente de transfigurar o novo tempo que se inicia para viver o não vivido, sonhar o não sonhado, provar o não provado e, correndo até o risco de dizer um daqueles clichês de final de ano, simplesmente renovar-se.

Conhecer um lugar que não conheço. E, por que não, mudar-me para lá;

Experimentar um sabor combinado a outro que eu jurava que nunca daria certo;

Começar a aprender uma língua nova ou um instrumento novo.

Mudar a sala e o quarto de lugar, ainda que por poucos dias;

Destruir os castelos e os impérios construídos em 2009. Optar, pelo menos por um tempo, por construções mais simples e itinerantes;

Apaixonar-me todos os dias por mim mesmo, por uma idéia nova, por um aroma inesquecível;

Desenhar mais;

Correr menos;

Fazer novos amigos, inventar novos códigos;

Entender mais as entrelinhas, acreditar menos no que não vale à pena;

Traçar mais metas em curto prazo;

Aprender origami;

Dançar;

Ampliar essa lista para outras mil possibilidades;

Enfim, o que desejo é entender o passado não como algo que passou, mas como algo que talvez tenha já começado sem perspectivas de se fazer presente. Entender o presente como o eterno retorno das coisas que realmente têm valia. A duração do instante que será sempre o futuro agora.

Feliz ano novo!

Imagem: Fotografia de Cristian Mossi

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Imagem: Obra de Leonilson, fonte: http://www1.folha.uol.com.br

ziguezagueando

- brigadeiro com bolacha maria

- flores para decorar a sala

- banho quente depois da chuva

- som de violoncelo

- roupa nova

- desenhos a lápis-de-cor

- risos frouxos

- música antes de dormir

- móbiles de tsurus

- chá de rosas

- dançar, dançar, dançar...


Imagem: Cristian Mossi

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

à deriva

Deitado na cama, quarto escuro, silêncio ensurdecedor.

Apenas uma nesga de luz do poste que insiste em ultrapassar as brechas da persiana.

Perfume suave, vazio no peito, algumas poucas lembranças melancólicas que insistem em lhe atravessar a mente.

Somente resquícios. Nada que lhe fizesse sofrer demais, sorrir demais, sentir demais, voar demais, querer demais.

Na verdade suas poucas tentativas de encontrar-se pleno já o haviam esgotado.

Sentia-se à deriva. Num não-território de (in)certezas que lhe faziam não saber bem sobre suas próprias escolhas, nem pagar pra ver aquilo que pensava há algum tempo poder enxergar.

O sono vem e ele pensa que não importa mais insistir em suturar qualquer pensamento reflexivo sobre si mesmo. Tenta lembrar da letra da canção.

Logo dorme.


Imagem: Fotografia do filme 'À Deriva', fonte:http://www.camilayahn.com.br

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

de que cor é o tempo?


Imagem: Placa de autocromo dos irmãos Lumière.

das magias [e das utopias] de voar


Imagem: Fotografias de Cristian Mossi

totalfragmentalidades

Todo vazio, todo repleto
Todo tão simples, todo complexo
Todo conexo
Todo inexplicável
Todo concreto, todo conceito
Todo projeto, todo desfeito
Todo imperfeito
Todo irretocável
Todo partido, todo unidade
Todo inteiro, todo metade
Todo trindade
Todo indivisível
Todo distinto, todo diverso
Todo adjunto, todo adverso
Todo universo
Todo irreversível
Todo absurdo, todo direito
Todo objeto, todo sujeito
Todo sem jeito
Todo irremediável
Todo possível, todo improvável
Todo oscilante, todo estável
Todo imutável
Todo ziguezagueante
Todo avesso, todo expresso
Todo excesso, todo exceto
Todo incompleto
Todo interminável
Todo pequeno, todo crescente
Todo imenso, todo semente
Todo somente
Todo inesgotável

[Todo - Renato Motha]

Imagem: Fragmento de pintura de Le Corbusier - fotografia de Cristian Mossi

sonoridades cromáticas


Imagem: Fragmentos da pintura mural "Voar" de Fernando Pacheco.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Sempre Dali

Klimtiando

Quando as delicadas intensidades de Klimt fazem encher de sorrisos a sala e quase não passa o tempo, perfazendo as dobras de pura coisa de desejo...

Imagem: Detalhe da obra de Gustave Klimt

sábado, 24 de outubro de 2009

desenredo de aniversário - das reinvenções do meu céu

Dos 26 anos que me cabem, o que desejo é sempre ter coragem para reinventar o meu céu.

Imagem: Cristian Mossi

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

pequenas-grandes alegrias

Por todas as coisas as quais afastamos por um tempo o olhar e nos lampejam de pequenas-grandes alegrias quando nada mais esperamos de um dia, de uma semana, de um mês, de um ano... E nos fazem pensar que vale a pena a vida inteira...

Imagem: Fotografia de Angélica D'avila

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Inventar possibilidades

Para brincar de si mesmo


Imagem: Cristian Mossi

Dos exercícios de me reinventar

O tempo é uma ilusão. O que nos perpassa são ciclos que vêm e vão, deixando experiências. Marcas que possibilitam dobras, espectros de ser e de reinventar-se. No exercício que me possibilito, encontro tonalidades graves e brechas de eternas possibilidades. Conheço-me melhor, entendo que nada é ao acaso, mas os acasos são inúmeros.

E como pode ser viver e não deixar-se transformar? Mesmo que a incerteza se instaure enquanto possibilidade de olhar além, o melhor nesse momento está sendo entender que nada perdura na ilusão do correr das horas, mas um segundo pode ser pra sempre se assim eu o quiser.

Imagem: Cristian Mossi

sábado, 10 de outubro de 2009

"A vida é um perfume..." *

(*) Da peça "Uma estória abensonhada".

Imagem: Fotografia de Cláudia Schulz

adeus - novo tempo

O novo tempo começa aqui. Não sei se as verdades a todo instante me sopravam possibilidades ao pé do ouvido, ou se no fundo sempre soube que tudo não passava de um sonho insano e bom, mas ocorre que me invisto de uma coragem nunca antes reconhecida em mim. Acho que quando experienciamos coisas totalmente novas no início de tudo, também o buscamos fazer em seu final, quando percebemos que as possibilidades nos escapam por entre os dedos sem deixar outra opção senão se retirar.
Claro que o perfume das flores, a luz dos olhos e as lembranças mais ternas persistem na memória que se esvaece aos poucos, deixando apenas um buraco vazio. Uma recordação boa... Uma melodia ao fundo.
Não quero (e não vou) me lamentar por algo que não retornará, mesmo com a tentativa profunda de tantos outroras. Quero conhecer coisas novas, me encantar com novas esperanças e se preciso for, voltar a escrever tudo isso novamente mais tarde.
Cansei das certezas e de me fundamentar em uma possibilidade movediça de criar bases mais firmes para o que eu sinto e para o que quero que sintam por mim.
O mundo é imenso e ele pode ser todo meu se assim eu o quiser...


Imagem: Cristian Mossi

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

instante-dor

"Não, o amor não tem fim, nós é que piscamos..."
Paulo Henrique Fernandes Silveira

Imagem: Fotografia de Cristian Mossi

um dia depois

A vida tem dessas coisas. Um dia você acorda e a pessoa por quem você viu mais de trezentos pores-do-sol simplesmente decide que não vai mais andar ao seu lado. Não importa que, como a meses, ela tenha sido seu primeiro pensamento bom pela manhã, nem que em pouco tempo vocês fariam aniversário e você tinha comprado um lindo presente para ela. Não importa que todas as mais lindas músicas que você escutou até hoje tenham feito você lembrar o quanto era feliz, nem que essa pessoa tenha transformado sua vida numa coisa que você insiste em pensar que era a melhor. Ela não te trará mais flores, nem se preocupará mais com você. Nem chegará mais de madrugada e, sonolenta daquele jeito que você adorava, te dará o abraço mais gostoso do mundo. Essa pessoa não cantará mais para você aquela canção cafona que ficava linda só na voz dela. Um dia você acorda e tudo virou de cabeça para baixo. Suas roupas parecem não servir mais, seu corpo parece não suportar você, sua mente fica dando voltas intermináveis e não chega a lugar algum. Você não consegue dormir, a comida parece não ter o mesmo sabor. Um dia você acorda e queria tanto que tudo tivesse sido um sonho ruim. Seu telefone não toca mais, seu Orkut não recebe mais nenhum recado carinhoso, você não tem mais para quem ligar, nem pode fazer mais planos para o futuro. Você não pode mais sonhar com uma casa cheia de telhados, seis cachorros e um vazo de estrelícias. Você simplesmente tem que se conformar que não poderá dormir mais de conchinha com aquela pessoa, nem trocar qualquer programação do mundo por um filme e um sofá. Não importa o que você faça, a tal pessoa terá destruído tudo o que você almeja e um pouco mais. Terá desembarcado do sonho conjunto sozinha, e te deixará seguir o caminho sem nem se preocupar em que estação você irá descer. Um dia você acorda e cada canto do seu quarto será o lugar mais dolorido do mundo para você. Por um bom tempo você não andará mais na rua em paz, mas todo e qualquer caminho que você faça lembrará você que agora está sozinho. Um dia você acorda mas preferia nem acordar até que a dor passasse. E se transformasse em centenas de borboletas...

Imagem: Fotografia de Cristian Mossi

sábado, 22 de agosto de 2009

somos a culpa por nós mesmos


* Imagem: Obra de Adriana Varejão

Fonte: http://ngv.vic.gov.au

domingo, 16 de agosto de 2009

sentidos

"Alegria e tristeza não são como água e óleo. Elas coexistem."

Do filme 'Ensaio sobre a cegueira', baseado na obra de José Saramago, com direção de Fernando Meirelles.

Imagem capturada em: http://sobral.oestedigital.pt

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

um dia de cada vez!

A explosão de cores dos recortes de Matisse para dizer da minha alegria de ultimamente... Alegria com ar de esperança, transformação e crença no porvir.
Quero gostar cada vez mais do que sempre venho a me tornar...
Imagem capturada em: http://marinaw.com.br

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

novamente as esperas

Esperar carona,
Esperar a chuva passar,
Esperar do outro mais do que ele pode me dar.

Esperar aquele programa na TV,
Esperar a data,
Esperar visita,
Esperar o filme entrar em cartaz.

As esperas me consomem mas me constroem.
Na medida que espero me descubro, me refaço,
me frustro e descubro que a hora certa não é aquela que espero, mas a que acontece.

Certo conformismo que não me faz desistir de esperar.


Imagem capturada em: http://mundodastribos.com

para re-recomeçar

Era aquilo e só. Estirado no colchão e a anestesia das horas a me passar dos pés à cabeça. Sentia como se meu corpo se transformasse lentamente em algo que já fui, mas que ainda não experimentei. Não desse jeito. Não com tanta crueldade.
Era aquilo e só. Uma dor que eu mesmo causei e que só e somente eu poderia amenizar. Não curar completamente. Porque as marcas, estas sim, ainda que nunca me façam aprender o que eu preciso de uma vez por todas, continuam latentes.
Era aquilo e só. Agora é remontar todo o quebra-cabeça com extremo cuidado, preparando-se para as próximas tempestades. Do ponto que parei, ou de outro ponto qualquer, isso não importa. O que importa é que, via de regra, sempre sei no fundo das minhas próprias necessidades... E sei que, por tudo o que se pode ver e ler no mundo como um motivo para terminar, também há sempre outro para recomeçar.


Imagem capturada em : http://gimp.com.br


segunda-feira, 13 de julho de 2009

para falar do agora em diante

Por todas as coisas como são... Ou como virão a ser!

Imagem: Cristian Mossi

domingo, 12 de julho de 2009

alguns



Nada dura para sempre... E isso é uma pena!

incontornável

Mesmo seguindo o fluxo dos dias sem preocupar-me em ser um só, ou comprovar a mim mesmo alguma unicidade, certas vezes culpo-me por sentir o que sinto, por não saber escrever minha própria estória sem rasuras, por transtornar a sucessão do meu próprio tempo aludindo ao que está tão dentro quanto fora de mim. Ou simplesmente por culpar-me. Procuro todo dia entender o quanto meus contornos são frágeis, fugazes, fluídos, estreitos, endereçáveis. O quanto são ligeiros, pérfidos, doloridos, impuros, elimináveis. O quanto são simplesmente incontornáveis.


Imagem: Fotografia de Angélica D'Avila sobre a instalação de Nazareth Pacheco.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

8 infinitos

Em breve... http://sentidossimultaneos.blogspot.com/

Imagem: Wolney Fernandes

quarta-feira, 24 de junho de 2009

terça-feira, 23 de junho de 2009

do que está dentro e fora de mim

É... depois de tempos de silêncio sinto vontade de voltar a falar. Tenho esses momentos de “crise-sem-causa”, de falta de tempo e sensibilidade, que me fazem nem querer mais contar nada de mim aqui ou em outro lugar. Como diria Adélia Prado, às vezes Deus me tira a poesia e vejo numa pedra só e somente uma pedra. Nada mais que uma pedra... O blog fez até aniversário no último dia 14, mas preferi aderir à onda da internet enquanto espaço atemporal e nem fiz questão de postar algo pra comemorar meus primeiros desenredos (que achei que não iriam durar nem um mês, e olha eu aqui um ano depois falando deles). Pensei em tanta coisa nesse período, me culpei por não escrever mais, pensei até em abandonar esse meu-nosso espaço e esquecer essa história de blog... Eu sei... Já fiz isso outras vezes... Mas derrepente surge aquela luzinha no fundo e penso: Ué?! Por que não fazer disso, dessa dificuldade de escrever, uma possibilidade?! Do limão uma limonada como infere o chavão. E tenho pensado que é de tudo que faço isso, ou pelo menos que procuro fazer. E tenho aprendido tanto... Nos últimos tempos tenho vivido um cotidiano repleto de correrias e atarefamentos profissionais, conflitos pessoais e emocionais que talvez sejam resultantes dessa entrega exacerbada para tudo o que está fora de mim. Mas também tenho vivido um momento de maturação profunda de meus desejos, de aprender que a vida não soa conforme as partituras que escrevo. Preciso me lembrar que eu mesmo é que quis me perder... Propus-me à isso. Agora o que vivo são conseqüências loucas de escolhas nos mais diversos âmbitos... E nem quero garantir a mim mesmo que foram as melhores.


Fonte da imagem: http://estavaaquipensando.blogspot.com


segunda-feira, 22 de junho de 2009

A música que ganhei nessa tarde diz assim:

Errar é útil
Sofrer é chato
Chorar é triste
Sorrir é rápido
Não ver é fácil
Trair é tátil
Olhar é móvel
Falar é mágico
Calar é tático
Desfazer é árduo
Esperar é sábio
Refazer é ótimo
Amar é profundo
E nele sempre cabem de vez
Todos os verbos do mundo
Abraçar é quente
Beijar é chama
Pensar é ser humano
Fantasiar também
Nascer é dar partida
Viver é ser alguém
Saudade é despedida
Morrer um dia vem
Mas amar é profundo
E nele sempre cabem de vez
Todos os verbos do mundo

(Todos os verbos - Zélia Duncan - Composição: Marcelo Jeneci | Zélia Duncan)

Fonte da imagem: http://
www.flickr.com

( )

O dia que desde ontem se impõe escuro e pesado, agora estoura e chove. Desenhos melódicos enchem a sala em arabescos que transformam meus olhos em um espelho de lágrimas. A saudade de tudo invade meu peito e escrevo sabendo que talvez não haja alguém pra perceber nelas o vazio que sinto então. A luz fraca me faz querer ainda estar no Cerrado, onde até a noite é mais clara. As palavras... as malditas palavras que continuam perfurando minhas dobras. Nem consigo chorar.

Fonte da imagem:
http://gotinhasdeluz.blogs.sapo.pt

segunda-feira, 8 de junho de 2009

uma flor roubada e uma pedra de rua


justificativas

Há dias tenho ensaiado uma justificativa (talvez pra mim mesmo) do porquê não tenho escrito mais com tanta assiduidade aqui no blog. Resolvi me justificar 'não me justificando', mas postando uma imagem que encontrei e achei que caberia nesse momento. Bom... não sei bem o porquê (e olha eu aqui procurando justificativas para as coisas), mas quando olho para ela consigo me culpar menos pela minha falta de tempo, de coragem para algumas coisas, entre outras faltas que aqui prefiro não citar, mas acho que contribuem muito para eu não ter escrito mais tanto...

Fonte da imagem: http://absolutamente.blogs.sapo.pt

dica

Nesses dias de frio aqui no sul, o que resta (no bom sentido) a fazer, é pegar um filme, se enfiar embaixo do edredom e olhar bem quietinho. Como sou daqueles que "forçam" um sentido para tudo o que vêem, estive pensando que há dois tipos de filme.
Os filmes "montanha russa" que você paga para alguns minutos de aventura e quando eles terminam você esquece... Lembra da experiência, mas ela fica só no âmbito do frio na barriga, enquanto efeitos especiais se misturam à jogos de luz fascinantes e piruetas nas tomadas de cena.
E aqueles filmes que resolvi catalogar como "carrossel", os quais basta você "andar" uma só vez e eles nunca mais saem da sua mente. Acontecem com uma luz própria, que não precisa de grandes recursos para te tocarem para sempre... É o caso de "Um beijo roubado", de Won Kar Wai e a maravilhosa atuação de Norah Jones no papel principal (ela mostra que não é só uma carinha e uma voz bonitas).


A pergunta que ficou pra mim foi:
Quanto tempo demorarei para atravessar a minha rua?

Vale a pena assistir!

Fonte da imagem: http://sobretudofilmes.wordpress.com

quinta-feira, 2 de abril de 2009

redescoberta


Tenho me procurado, mais que nunca, por entre palavras, melodias e imagens.
Tenho me perdido em esperas que eu mesmo aceitei pra mim. E estou tentando me encontrar.
Tenho reavaliado minhas próprias linguagens e percebido que nada sou além de um pequeno fragmento do que eu queria ou poderia ser.
Tenho subvertido o tempo... Minha paciência, meu cuidado.
E o que sou eu afinal, senão meu próprio processo de definição?
Senão aquilo que estabeleço como ‘eu mesmo’ no instante agora?

Imagem: Cristian Mossi

quarta-feira, 1 de abril de 2009

(...)

Um pequeno príncipe que encheu de estrelas os meus olhos... E me deixou vivendo sempre entre 3 e 4 horas.

E me ensinou tudo o que pode estar contido por entre simples reticências.


Imagem: S2

emaranhado em negativo

Quando um estoque de caixas empilhadas, texturas de papéis e fitas coloridas ajudam a passar o tempo e divertem o olhar. Em negativo.

Imagem: Cristian Mossi

escritas antigas

Ontem encontrei um caderno de redação que escrevia quando tinha 9 anos de idade... Tão bom me encontrar criança entre meio a escritas e desenhos - duas coisas que não sei viver sem, nem depois de adulto.

Com vocês "O Medo", pelo Cristian Mossi de 16 anos atrás:

"Um passarinho me contou que a menina tem medo de cair da árvore e que a barata tem medo da vassoura.
Vocês sabiam que o giz tem medo do nosso pé e a bola tem medo do prego, vocês sabiam?!
Uma formiga me contou que a janela tem medo da pedra, Marisa tem medo do rato e vocês sabem do que Gisela tem medo?
Ela tem medo de assombração.
Uma borboleta me contou que minha mãe tem medo de assalto, que a porta tem medo de ladrão e o chiclete tem medo dos nossos dentes.
Uma minhoca me contou que o meu pai tem medo do acidente de automóvel e uma outra disse que o passarinho tem medo da gaiola, ela também disse que o aluno tem medo das provas e minha professora tem meo de aranha.
Um grilo me contou que o filho tem medo do chinelo, ele também me contou que o cigarro tem medo da lixeira e sabem do que tem medo da tesoura?
E todos disseram que o sapato tem medo do sapateiro, também disseram que o papel tem medo da caneta e que a nuvem tem medo do vento."

Imagem: Ilustração e texto originais.

em lápisde cor

Mamulengos e arabescos divertidos em lápis de cor, para o cartaz do 2° FETISM - Festival de Teatro Independente de Santa Maria, que ocorrerá de 16 a 21 de Junho de 2009.

Imagem: Cristian Mossi

detestáveis minutos

Busco em Clarice Lispector, no livro Um sopro de vida, palavras que expliquem pra mim mesmo esse tempo de silêncio aqui no blog...

"O tempo não existe. O que chamamos de tempo é o movimento de evolução das coisas, mas o tempo em si não existe. Ou existe imutável e nele nos transladamos. O tempo passa depressa demais e a vida é tão curta. Então — para que eu não seja engolido pela voracidade das horas e pelas novidades que fazem o tempo passar depressa — eu cultivo um certo tédio. Degusto assim cada detestável minuto. E cultivo também o vazio silêncio da eternidade da espécie."

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

carta secreta II

Amor meu,

tem sido difícil domar meu corpo na árdua tarefa de entender que ele não pode te ter sempre que quer. Sei bem que meu coração está em ti e do mesmo modo sei das tuas certezas que você está em mim, mas a saudade é tanta que quase não me deixa sentir outra coisa senão a vontade de estar ao teu lado, num entardecer chuvoso e amarelado, que de lembranças me faz chorar...
Sabes que hoje tu és meu maior querer, meu plano, minha prece... E sei também que nessa realidade colérica e estranha em que vivemos, nosso amor soa como boa música aos corações mais entristecidos. Um bálsamo.
A cada amanhecer agradeço a sorte que tive em te encontrar e ter forças suficientes para ajudar-te a construir esse sentimento que até acho não ter nome. E talvez sua boniteza esteja mesmo em não conseguir ser entendido racionalmente, como as tantas outras realidades humanas.
O que sentimos está acima de qualquer tolice passageira. E de todas as palavras que por vezes dizemos sem pensar, o que resta é só as que expressam o quanto nos amamos.
Na tentativa de encontrar algo que ainda não consegui dizer, proponho aqui um silêncio... O revés das certezas... E fecho os olhos mais uma vez na busca de te amar mais e mais.

Beijos soltos, revestidos de vontade de novamente te encontrar.
Daquele que reside sempre em você.


Fonte da imagem: http://www.flickr.com

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

carta secreta



Bem meu

O bom e o belo se confundem ao adentrar teu corpo em noite solene.
A textura de tua delicadeza beirando minha pele, faz-me aceitar a espera e a distância que me flagelam constantemente, em busca do teu olhar.
E o fato de encontrar-me estranho, por não poder sequer vigiar teus olhos, esmorece pouco a pouco as batidas de meu coração. Que já não sabe bem o que quer, além de você.
Tu és a única certeza que em mim padece.
E as tolices que por vezes me fazem a ti entristecer, são como navalhas que a mim machucam também. Mais que a ti talvez. Por ver lacrimejar teus olhos e não poder roubar pra mim tal tristeza. Mas são resultado dessa saudade de sempre que não compreendo muito bem. E que só aumenta. Saudade até do que ainda está por ser vivido.
Quando lembro dos momentos doces, dos suaves odores e das palavras soltas que constroem o enredo desse amor, a vontade que tenho é de te levar comigo para algum lugar distante, que não me permita te perder pouco a pouco, por conta das insanidades que cometo sem querer. Por não acreditar que tu és realidade para mim.

Mas por fim o que sei é que, enquanto não encontro a palavra certa, digo que te amo.
E que me confundo no teu olhar...

Bjs, daquele que é sempre, sempre teu


Fonte da imagem: http://www.antologiadoesquecimento.blogspot.com

domingo, 1 de fevereiro de 2009

céu de borboletas*

"O mundo não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui forma, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.
É uma idéia assustadora: vivemos segundo o nosso ponto de vista, com ele sobrevivemos ou naufragamos. Explodimos ou congelamos conforme nossa abertura ou exclusão em relação ao mundo."

(Lya Luft - Perdas e Ganhos)

Fonte da imagem: http://www.ceu-de-borboletas.blogspot.com

*O título dessa postagem foi carinhosamente surrupiado do blog Céu de Borboletas, fonte da belíssima imagem que a acompanha;

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

caminhos

Estes são caminhos para a capa de um livro que estou ilustrando e que será lançado em 2009.
Por enquanto, é só isso que eu posso contar...

Imagem: Cristian Mossi

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

revés


Entre corpos sem vestes e vestes sem corpos, tenho desenhado escritas de um projeto de dissertação que está saíndo do forno, com cheirinho de empolgação e novidade...
Veremos por que caminhos estas ausências me levarão!

Imagens: Vanessa Beecroft, vb 45, performance, 2001 e Cláudia Casarinho, sem título, objeto, 2005.