segunda-feira, 31 de agosto de 2009

um dia depois

A vida tem dessas coisas. Um dia você acorda e a pessoa por quem você viu mais de trezentos pores-do-sol simplesmente decide que não vai mais andar ao seu lado. Não importa que, como a meses, ela tenha sido seu primeiro pensamento bom pela manhã, nem que em pouco tempo vocês fariam aniversário e você tinha comprado um lindo presente para ela. Não importa que todas as mais lindas músicas que você escutou até hoje tenham feito você lembrar o quanto era feliz, nem que essa pessoa tenha transformado sua vida numa coisa que você insiste em pensar que era a melhor. Ela não te trará mais flores, nem se preocupará mais com você. Nem chegará mais de madrugada e, sonolenta daquele jeito que você adorava, te dará o abraço mais gostoso do mundo. Essa pessoa não cantará mais para você aquela canção cafona que ficava linda só na voz dela. Um dia você acorda e tudo virou de cabeça para baixo. Suas roupas parecem não servir mais, seu corpo parece não suportar você, sua mente fica dando voltas intermináveis e não chega a lugar algum. Você não consegue dormir, a comida parece não ter o mesmo sabor. Um dia você acorda e queria tanto que tudo tivesse sido um sonho ruim. Seu telefone não toca mais, seu Orkut não recebe mais nenhum recado carinhoso, você não tem mais para quem ligar, nem pode fazer mais planos para o futuro. Você não pode mais sonhar com uma casa cheia de telhados, seis cachorros e um vazo de estrelícias. Você simplesmente tem que se conformar que não poderá dormir mais de conchinha com aquela pessoa, nem trocar qualquer programação do mundo por um filme e um sofá. Não importa o que você faça, a tal pessoa terá destruído tudo o que você almeja e um pouco mais. Terá desembarcado do sonho conjunto sozinha, e te deixará seguir o caminho sem nem se preocupar em que estação você irá descer. Um dia você acorda e cada canto do seu quarto será o lugar mais dolorido do mundo para você. Por um bom tempo você não andará mais na rua em paz, mas todo e qualquer caminho que você faça lembrará você que agora está sozinho. Um dia você acorda mas preferia nem acordar até que a dor passasse. E se transformasse em centenas de borboletas...

Imagem: Fotografia de Cristian Mossi

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