O dia que desde ontem se impõe escuro e pesado, agora estoura e chove. Desenhos melódicos enchem a sala em arabescos que transformam meus olhos em um espelho de lágrimas. A saudade de tudo invade meu peito e escrevo sabendo que talvez não haja alguém pra perceber nelas o vazio que sinto então. A luz fraca me faz querer ainda estar no Cerrado, onde até a noite é mais clara. As palavras... as malditas palavras que continuam perfurando minhas dobras. Nem consigo chorar.
Fonte da imagem: http://gotinhasdeluz.blogs.sapo.pt
Quisera eu, ficar assim, aconchegado dentro em mim, para sempre.
Quisera eu escapar desse mundo que prende e mostra, que o céu azul e o lago com cisnes das antigas garatujas infantis, não revelam o absurdo que Nietzsche já falara a algum tempo...
Não sei quem eu sou exatamente, mas posso dizer que não sou alguém que tem certeza disso.
Minha mente de menino prefere sempre acreditar que existe um monstro com mil tentáculos vivendo embaixo da minha cama.
Tenho prazer em acordar bem cedo e sentir o aroma de café preto...
Olhar o pôr do sol, passar o tempo desenhando, lendo, ouvindo alguém ou alguma música que me diga muito ( e às vezes muito sobre mim).
Me apego fácil.
Nesse processo de (re)(des)construção contínua, só posso me sentir como partículas mutantes, espaços em aberto, dobras interconexas que ora me definem, ora me ofuscam.
Adoro tempestade. Me sinto renovado pela mudança que ela traz. Mas tenho medo do que não dura pra sempre.
Uma vez eu disse:
“De que adianta pintar meu universo de cinza, se sou daqueles que rabiscam o céu e nele colocam um pouquinho de sol, de estrela e de mim?”
E continuo acreditando nisso.
Um comentário:
Perfeito, falou tanto de mim neste momento...
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