terça-feira, 29 de dezembro de 2009

experimentar para renovar-se

Ano passado, utilizei esse mesmo espaço para dizer coisas que tinham a ver com ‘perseverar’. Nesse novo ano, pelo contrário, o que desejo a todos e especialmente a mim mesmo, encontra-se no justo oposto dessa palavra.

Perseverar, no sentido que me utilizei a mais ou menos 365 dias, encontrava seu maior anseio em dar continuidade a certas coisas, permitir tantas outras e perseguir uma trilha iniciada ainda em 2008. Pois o que mais desejo agora, é que 2010 seja um ano realmente novo. Com cheiro, som, gosto e textura de coisa nova, tirada do forno, tinindo em folha.

Não se trata aqui de bater os sapatos e dizer que de 2009 não se leva nem a terra, tampouco de degenerar as experiências desse ano que, cá entre nós, teve lá seu charme, porém sem tanto esplendor como poderia ter sido. Trata-se simplesmente de transfigurar o novo tempo que se inicia para viver o não vivido, sonhar o não sonhado, provar o não provado e, correndo até o risco de dizer um daqueles clichês de final de ano, simplesmente renovar-se.

Conhecer um lugar que não conheço. E, por que não, mudar-me para lá;

Experimentar um sabor combinado a outro que eu jurava que nunca daria certo;

Começar a aprender uma língua nova ou um instrumento novo.

Mudar a sala e o quarto de lugar, ainda que por poucos dias;

Destruir os castelos e os impérios construídos em 2009. Optar, pelo menos por um tempo, por construções mais simples e itinerantes;

Apaixonar-me todos os dias por mim mesmo, por uma idéia nova, por um aroma inesquecível;

Desenhar mais;

Correr menos;

Fazer novos amigos, inventar novos códigos;

Entender mais as entrelinhas, acreditar menos no que não vale à pena;

Traçar mais metas em curto prazo;

Aprender origami;

Dançar;

Ampliar essa lista para outras mil possibilidades;

Enfim, o que desejo é entender o passado não como algo que passou, mas como algo que talvez tenha já começado sem perspectivas de se fazer presente. Entender o presente como o eterno retorno das coisas que realmente têm valia. A duração do instante que será sempre o futuro agora.

Feliz ano novo!

Imagem: Fotografia de Cristian Mossi

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