João Guimarães Rosa
Grande Sertão Veredas
Trecho retirado do álbum Brasileirinho, de Maria Bethânia
Imagem: Cristian Mossi
E em meio a tudo isso, sinto-me feliz. De um jeito que a muito não me sentia. Não porque seja a única vez, nem a última, nem o pretenso, mas porque acho que finalmente entendi (e comprovei) que desse jeito é melhor: não esperar de fora o que só pode ser descoberto em mim mesmo.
"Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção. Pode ser a pessoa mais importante da sua vida. Se os olhares se cruzarem e neste momento houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu. Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante e os olhos encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês. Se o primeiro e o último pensamento do dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente divino: o amor."
"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
Eu não sei... Tem dias tão estranhos que o coração até fica daquela cor cinza-pesado, que nem céu em dia de mormaço e chuva. Saudade não é bem a palavra a ser dita. Mais que isso, abre-se um vazio, uma ausência mórbida que mesmo envolta em promessas fáceis (as quais até se fazem crer ingenuamente), impõem medo pelo porvir incerto. Vontade de largar tudo. De não estar, de entregar-me ao feixe de luz que tem me iluminado na saga destes dias. Ah! Se soubéssemos viver de verdade, sem amarras... Se pudéssemos ao menos. Ainda a distância. Olho para o céu... Ele não está afinal em todo o lugar?
E o que era presença em meio à ausência, tornou-se presença intensa e pulsante. Real. E fita-me da cor de um verde precioso e sincero, que ao som da promessa composta por palavras feitas, e não menos novas, a cada instante ressoa a melodia que embala e aquece os corpos ( e os corações). Tristeza boa de sentir. E se faz lembrar a cada caminho, a cada cair do sol, a cada coisa que o mundo oferece ao olhar. O cheiro, o gosto, o toque, tudo se materializa pouco a pouco, de uma delicadeza que costura minuciosamente sorrisos sem motivos próprios. Inexplicável.