Sempre pensei no aniversário como uma espécie de ano novo, data que as pessoas convencionam para acreditar que, por algum motivo, os ciclos se renovam. Tempo de passar a limpo as velhas angústias e de limpar aquelas ‘poeirinhas’ que geralmente ficam pelos cantos. Tempo de olhar-se para dentro e descobrir os caminhos serpenteantes que a vida construiu dentro da gente.
Hoje, completando o meu ‘um quarto de século’ (outra convenção humana), percebo que já fiz tanta coisa, já andei por tantas estradas e cruzei com tantos outros que levaram um pouco de mim e deixaram um pouco deles, que a impressão que tenho é a de ter vivido muito mais que somente 25 anos! Contudo, quando me pego recluso em mim mesmo (olhando para aqueles lugares que geralmente deixamos com o passar dos anos de olhar), o que encontro ainda é aquele menino franzino que mal sabia se defender dos meninos maiores da escola e sempre ia “conversar” com a diretora por conta de viver sempre no “mundo da lua”.
Frente às tantas barbáries que me deparo todos os dias no cotidiano, sou obrigado a pensar: “-Ainda bem que aquele menino não cresceu!”, e continua de algum modo lá dentro, sonhando e tentando realizar um mundo com cores e formas diferentes.
Nesse processo de invenção contínua de mim mesmo, o que percebo é que hoje consigo aceitar sem medo as mudanças, e vejo nelas momentos extremamente produtivos.
Já não tenho mais vontade de transformar o mundo, mas não perco nunca as esperanças em melhorar pelo menos parte dele. Tenho tentado ouvir mais as pessoas e aprender que nem todas pensam como eu, mas nem por isso o que elas pensam não pode ser válido. Aprendi a dar sem esperar nada em troca e a receber sem me sentir na obrigação de retribuir. Apaixono-me todos os dias por uma imagem ou por uma música e adoro flores, mas não consigo cuidar delas. Ainda aprendo essa arte! Amo meu trabalho e se não pudesse dar aulas seria um mochileiro-viajante. Tenho pensado em casar e adotar uma criança, embora por muito tempo tenha tido a convicta idéia de viver completamente só em uma montanha, longe da cidade. Aprendi a gostar de cachorros dentro de casa, aprendi a deixar a louça na pia quando não posso lavar, mas ainda não consigo acordar tarde sem sentir uma pontinha de culpa por não ser ‘produtivo’, ainda que adore acordar cedo e sentir o cheirinho da manhã. Aprendi que quando está muito quente num dia é porque provavelmente vai chover no outro, aprendi a me respeitar antes de esperar que qualquer outra pessoa me respeite, aprendi que nem todos os filmes vão dar conta da história que está nos livros e que cada dia pode ser particularmente especial - isso só depende de mim, sempre. Aprendi a desenhar o mundo como ele é, mas prefiro sempre inventar o meu próprio, aprendi a cozinhar e procuro fazer isso sempre que posso, aprendi a chorar quando tenho vontade, a dançar quando meu corpo pede e também aprendi a morrer de rir quando tudo parece não ter solução alguma. Descobri que é possível amar e ser amado à distância e nunca apreciei tanto o luar e o pôr-do-sol como ultimamente. Não vivo sem café e chocolate, não me imagino sem desenhar escritas e escrever desenhos e espero que no ano que vem, tenha aprendido muitas outras coisas a mais. E que tudo isso, tenha mais uma vez valido a pena.
p.s. A imagem (fote: http://www.flickr.com/) que acompanha essa postagem é a fotografia de um dos integrantes do grupo 'O teatro mágico' que vale muito a pena conferir e que tem um trabalho interessantíssimo unindo música, performance, poesia e uma viualidade de encher os olhos. Tive contato com esse grupo através de um vídeo que ganhei carinhosamente de presente de um amigo na tarde chuvosa do meu aniversário. Segue link para quem quiser conferir: <http://www.youtube.com/watch?v=MB9qzKnJVVo&feature=PlayList&p=7BA54F34BF1633EC&index=0&playnext=1>
sábado, 25 de outubro de 2008
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Um comentário:
Lindoooo demais teu auto-texto.Foi pouco q convivemos, mas sinto ler essa pessoa linda, sensível e amiga q és.
E continue sendo esse menino sonhador, tenho certeza q teu caminho seguirá por muito tempo, iluminado por Deus. E que ano que vem vc volte a nos contar tuas histórias e experiências do dia-a-dia.
Desejo felicidades por mais um ano bem vivido, e nem tô atrasada na data, pq temos q desejar todos os dias a felicidade de pessoas q nos cativam.
Belo video do Teatro Mágico... eu já conhecia algumas músicas e adoro demais o trabalho deles, pena q ainda não tive o privilégio de ver eles ao vivo, quem sabe um dia.
Grande bjoooo com carinho
Cris
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