segunda-feira, 28 de julho de 2008
outras cores
quinta-feira, 24 de julho de 2008
não-porvir
Sempre fui assim. Dou-me por inteiro ao devaneio de tudo, nem que seja para depois me sentir assim como me sinto agora. Mas nunca espero o pior. Aí é que está.
Não gosto de nem uma das formas de pretérito, especialmente aquelas que lamentam o que poderia ter sido e não foi. Talvez por isso sempre me atire de cabeça. Felizes daqueles que conseguem ver essa loucura que é o mundo de suas breves redomas de razão e fazer de suas tolas humanidades partituras calculáveis do sentir.
Contando as horas para um não-porvir, sigo em meu silêncio cheio de palavras a serem ditas.
domingo, 20 de julho de 2008
em si
Este texto não tem um assunto específico. Ou melhor, seu assunto não é nada além dele mesmo. Ele é simplesmente ele. Faz-se ao avesso de qualquer outro texto que, com seus pequenos algarismos de significação justapostos, transcende a simples forma-palavra-corpo-signo, passando a existir além do universo do campo-documento. Este texto não discute valores intra-pessoais, tampouco quer elucidar formas de contribuir para a paz mundial, de melhorar a aliança desalenta entre os homens, ou o que quer que seja. Este texto não discute nem mesmo a ele próprio. Ele quer não se parecer com nada, existir em sua faceta sem significado. Este texto diz de tudo e ao mesmo tempo não diz de nada. Ele não (se) propõe (a) nada. Se fecha em si. Acaba nele mesmo, morde o próprio rabo. É o triunfo da endogenia - surge e termina nele. Não questiona nada, não proclama absolutamente nada, não ofende a nada, nem sequer almeja um resquício de carinho ou uma identificação plena capaz até de fazer emocionar o mais rijo coração. Não guarda nem um átomo de poesia, nem sequer de técnica. Não contribui, não desmerece, não cansa. Seu leitor não terá perdido nada depois de ler este texto, mas também não terá apreendido nada. A não ser que este texto guarda em si um silêncio. E que às vezes o silêncio, guarda em si ainda muitas palavras por dizer.
Fonte da imagem: http://www.10emtudo.com.br
quinta-feira, 17 de julho de 2008
vago
questão
Tenho devorado ultimamente um livro chamado “O que vemos – O que nos olha” (1998), de autoria de um francês com o simpático nome (para não conceder-lhe outro adjetivo) de Didi-Huberman.
Este, além de ajudar muito a pensar questões filosóficas acerca de meu trabalho de mestrado, tem me feito refletir sobre diversas outras coisas que se apresentam em meu cotidiano e que por um ou outro motivo deixo escapar por entre os dedos.
De tudo, uma frase parece martelar mais que as outras em meus pensamentos: “Como mostrar um vazio? E como fazer desse ato uma forma – uma forma que nos olha?”
Fonte da imagem: http://confrariadoatum.blogspot.com
quarta-feira, 16 de julho de 2008
isto sim
O existir desencadeia normas. Estas, seguidas à risca, nos fazem esquecer do espectro furtivo e difuso que se apresenta todas as manhãs no espelho. Faz-nos enredar por caminhos pelos quais não é possível alçar vôo, nem mesmo escutar aquela música favorita, gritar “Eu te amo!” na hora que queremos, ou ainda pensar (com a plenitude e a gravidade que isso acarreta) só em nós mesmos. Por um único e mísero momento. Um fragmento inventado. Nem que seja! Isto sim. Isto sim...
Imagem: Cristian Mossi
segunda-feira, 14 de julho de 2008
oxalá
Oxalá, o passo não me esmoreça;
Oxalá, o Carnaval aconteça, oxalá,
Oxalá, o povo nonca se esqueça;
Oxalá, eu não ande sem cuidado,
Oxalá eu não passe um mau bocado;
Oxalá, eu não faça tudo à pressa,
Oxalá, meu Futuro aconteça
Oxalá, que a vida me corra bem, oxalá
Oxalá, que a tua vida também;
Oxalá, o Carnaval aconteça, oxalá
Oxalá, o povo nunca se esqueça;
Oxalá, o tempo passe, hora a hora,
Oxalá, que ninguém se vá embora,
Oxalá, se aproxime o Carnaval,
Oxalá, tudo corra, menos mal
(Madredeus, composição: Pedro Ayres Magalhães)
Imagem: Cristian Mossi
domingo, 13 de julho de 2008
Valsa para Bruno Stein
meu enredo
E se o outro não me escuta, como dizer-lhe do que sinto?
E eu, será que o escuto plenamente?
Será que minha vida é formada por micro-cenas que, justapostas ao som de uma bela música, formariam um fascinante trailer de longa-metragem?
Quando descobrirei?
Fonte da imagem: http://byebyemother.blogspot.com/
sábado, 12 de julho de 2008
na espreita de um instante
Só hoje pude dar-me conta disso. A câmera dos meus olhos difusos não apreende tudo que se oferece ao meu redor. Ela seleciona enquadramentos, detalhes, movimentos que só eu vejo.
Ao caminhar, o faço em somente uma direção. Posso (e devo) mudá-la vez em quando, é claro, mas assim que a mudo, ela passa a ser única. Sou insubstituível em meu trajeto.
Carrego tantas coisas. E estas são somente minhas, de mais ninguém. Ainda que volta e meia apareça algum anjo bom disposto a compartilhar o fardo.
Escrevo cartas para mim mesmo que nem eu depois entendo...
O lugar.
O ato.
O instante-momento em que a brisa acaricia-me o rosto e que no depois distante não poderei mais estar.
Imagem: Cristian Mossi em cima de fotografia de Angélica D'Avila
tolo
antes que amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol...
(Trecho de 'Sei que nada será como antes', por Milton Nascimento e Ronaldo Bastos)
Fonte da imagem: http://flickr.com/
quarta-feira, 9 de julho de 2008
silêncio
entre
Imagem: Cristian Mossi
terça-feira, 8 de julho de 2008
global
Mas sou muito mais dos orientais que dos norte-americanos!
Fonte da imagem: http://www.dominiosfantasticos.xpg.com.br
segunda-feira, 7 de julho de 2008
...invade e fim*
tramas do outro
Descubro tantas coisas com elas, cada uma a seu jeito.
Encontro sim uma dificuldade em adentrar o profundo de seus olhos...
Mas não desisto!
Percebo que já não espero de todos ‘tudo’ que quero, mas o que podem me dar.
Talvez esteja amadurecendo e nesse processo aprendo que também não sou ‘tudo’ para o outro.
E erro.
E acerto.
E machuco e me machuco.
E me encontro para depois me perder.
Imagem: Cristian Mossi
sexta-feira, 4 de julho de 2008
delicadeza cruel
quarta-feira, 2 de julho de 2008
Chove Chuva
Entardecer no Guaíba
Fonte da imagem: http://nadademuitointeressante.blogger.com.br
Iberê Camargo
O que são nossas carnes dispostas ao tempo?