Sinto-me por vezes afoito em revelar este universo em mim. Permaneço imóvel. As idéias rondando-me a mente como mariposas cegas ao redor da lâmpada acesa em meio a madrugada. Não sei. Simplesmente não sei o que escrevo, quando a vontade é de gritar... De fazer, orgulhosamente e egocentricamente que o mundo perceba o que sinto. Quase sempre é tão fácil irromper o campo vazio com pequenas significações. Porém há momentos em que as palavras nos traem e tudo o que sentimos se transforma em um gás denso e etéreo. Uma suspensão de idéias que paira o entre de nossa materialidade e reflete em uma não-consciência de nós mesmos. Um estado de ilusão.
Quisera eu, ficar assim, aconchegado dentro em mim, para sempre.
Quisera eu escapar desse mundo que prende e mostra, que o céu azul e o lago com cisnes das antigas garatujas infantis, não revelam o absurdo que Nietzsche já falara a algum tempo...
Não sei quem eu sou exatamente, mas posso dizer que não sou alguém que tem certeza disso.
Minha mente de menino prefere sempre acreditar que existe um monstro com mil tentáculos vivendo embaixo da minha cama.
Tenho prazer em acordar bem cedo e sentir o aroma de café preto...
Olhar o pôr do sol, passar o tempo desenhando, lendo, ouvindo alguém ou alguma música que me diga muito ( e às vezes muito sobre mim).
Me apego fácil.
Nesse processo de (re)(des)construção contínua, só posso me sentir como partículas mutantes, espaços em aberto, dobras interconexas que ora me definem, ora me ofuscam.
Adoro tempestade. Me sinto renovado pela mudança que ela traz. Mas tenho medo do que não dura pra sempre.
Uma vez eu disse:
“De que adianta pintar meu universo de cinza, se sou daqueles que rabiscam o céu e nele colocam um pouquinho de sol, de estrela e de mim?”
E continuo acreditando nisso.
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